Expedição Puna Argentina 2018 - Dia 05 - Montanhas e Salares

Antes do sol nascer no altiplano, já estávamos de pé. Com disposição, gasolina, comida e água de reserva. Mudamos o roteiro de hoje, porém não sabíamos qual caminho pegar, mesmo com diversos mapas de GPS. O Google Maps não tinha informação do trajeto, outros tinham apenas trechos, e os que tinham mais dados traçavam rotas diferentes. Depois de erradas e acertadas pegamos a rumo certo. E que belo rumo! Com paisagem de tirar o "fôlego", pela beleza e amplitude e também altitude.

A estrada exige veículos robustos e confiáveis. É muita pedra, poeira, costeletas, subidas íngremes e pouco oxigênio. Por vezes abandonávamos a estrada e seguíamos por quilômetros ao lado dela, pois era terrível. E assim foi do amanhecer ao anoitecer, para sacolejar por 420km entre Antofagasta de la Sierra a San Antonio de los Cobres. Sempre acima dos 3.400 metros. Ao longo do dia passamos dos 4.000 metros por 4 vezes pra depois descer para atravessar salares e subir novamente. Logo de manha foi a 4.635 m.

Avistamos o Salar de Antofalla numa curva da estrada, a 4.000 metros de altitude, numa vista panorâmica espetacular. Apreciada por poucos viajantes que se atrevem a andar por estas estradas remotas. É o salar mais comprido do mundo, espremido entre as montanhas. Do outro lado do deserto branco era possível identificar um pequeno pontinho verde, o povoado de Antofalla. Insignificante se comparado ao imponente vulcão de mesmo nome, que se destaca na paisagem, com 6.400 metros. Descemos a encosta, cruzamos o salar e paramos no pueblito, onde moram apenas 40 pessoas. Numa espécie de "prefeitura, enfermaria e informação turística" estavam 6 dos moradores. Nos receberam muito bem. Um sétimo morador vimos de longe detonando dinamite. Já os outros 33 não tivemos oportunidade de conhecer. :)

Depois de horas de muita pedra, poeira, subidas e descidas, chegamos ao Salar de Arizaro e curtimos o Cono de Arita. Uma formação curiosa de formato geométrico perfeito. Seguimos em direção a Tolar Grande e então o tráfego aumentou, pois passou 2 camionetas de mineradores locais. Na parte longa do trajeto somente 1 veículo passou, na hora do nosso piquenique. Não foi surpresa, pois tinha conversado com eles na pousada em Antofagasta e disseram que fariam esse caminho hoje. Chegando no remoto vilarejo de mineradores encontramos nossos amigos viajantes aguardando a dona de um albergue para descansar. Abordamos a única pessoa que vimos passando pela rua, para saber onde tinha gasolina. Era a moça responsável pelo deposito de combustível, uma salinha escura com tonéis de gasolina.

Pé na estrada novamente, já bastante cansados, porém San Antonio de Los Cobres está longe. Teria sido uma boa dormir em Tolar Grande. Temos ainda 2 passagens de montanha e o Salar de Pocitos para atravessar. Mas antes vamos curtir a estrada ziguezaguenado por entre montanhas de barro vermelho chamado de Los Colorados.

Era noite quando chegamos no Hotel de Las Nubes para um merecido descanso. Como é bom estar na civilização e fazer uma refeição de verdade. Nem que seja a 3.700 metros de altitude. A pernoite mais alta da viagem e para mim a mais bem dormida. O saboroso Malbec Las Nubes, mesmo nome do hotel, deve ter ajudado. :)

Continua...

(Clique nas fotos para ampliar)


Antofagasta de La Sierra antes do sol raiar. 

Paradinha no riacho.

Agua é fonte de vida!

Bienvenidos! Onde não há nada nem ninguém.

Bela ruta!

Uhuuuuuuu!!!!!

Gauchito Gil na Puna.

Panorâmica no Salar de Antofalla.

Descendo!

Poça salgada

Pueblito de Antofalla

Subindo novamente

Estradinha dos sonhos.

É subida que não tem fim.

Piquenique na rodovia de pista dupla. Variantes para escapar das "calaminas" (costeletas).

Cono de Arita no Salar de Arizaro

Superfície rugosa.

Los Viajeros

Los Colorados, próximo a Tolar Grande.

Abastecendo em Tolar Grande, pra não precisar usar a gasolina  reserva.

Los Colorados. Montanhas de barro vermelho.

Trecho de estrada do Paso Sico.

Um vinho depois da longa jornada, pois ninguém é de ferro.